O que podemos Fazer?
Por Kevin Carson. Artigo original: What Can We Do? primeiro de janeiro 2025. Traduzido para o português por Nico.
No curto prazo, nosso foco deveria estar nos elementos discutidos pelo camarada de C4SS William Gillis, oito anos atrás, após a eleição de Trump para seu primeiro mandato: minimizar nossa exposição ao perigo, e construir infraestruturas de cuidado, proteção, e apoio mútuo. Kelly Hayes resume essa abordagem tão bem quanto é possível, argumentando que protestos massivos e desobediência puramente simbólica tendem a ser de uso muito limitado na melhor das hipóteses; invés disso ela recomenda que a rebeldia esteja “costurada no tecido de nossas vidas cotidianas”.
Algumas recusas serão visíveis, mas inúmeros atos de desobediência silenciosa — como um trabalhador do sistema de saúde se recusando a ajudar a criminalizar um paciente — têm o potencial de salvar vidas e interromper a violência estatal…
Existem muitas ações que nós podemos e devemos realizar que vão criar riscos legais sem necessariamente acabarem em prisão. Sem dúvidas muitas pessoas vão ajudar outras que buscam cuidados médicos, incluindo cuidados relacionados à abortos, que foram proibidos em suas regiões. Pessoas sem documentos e outros indivíduos vistos como alvos encontrarão abrigo. Pessoas sem casa e pessoas sendo forçadas a saírem de seus lares vão precisar de proteção. Prédios podem ser ocupados. Suprimentos capazes de salvarem vidas talvez sejam expropriados e redistribuídos. Esforços de defesa comunitária sem dúvidas vão crescer e se estabelecer. Redes de solidariedade e projetos de apoio mútuo vão unir vizinhos e comunidades, conforme as pessoas navegam a violência da austeridade e o caso do Trumpismo, e parte desse trabalho acontecerá fora da lei. Todos nós temos papeis a desempenhar, e qualquer coragem que possamos reunir, ou cultivar em coletivo, será necessária…
Este é um bom momento para estabelecer e fortalecer grupos pequenos e adaptáveis que possam agir e reduzir danos, enquanto se comunicam de forma segura e tomando outras precauções para evitar exposição ou prisão,,,
Refletindo sobre força comunitária, meu amigo Shane Burley, autor de Fascism Today, Why We Fight, e coautor de Safety Through Solidarity, recentemente me disse, “Uma comunidade forte é o que mantém as pessoas seguras em tempos de crises, e isso pode significar um grupo autônomo e bem entrosado de amigos com os quais se pode contar quando as coisas ficarem ruins. Esse tipo de relacionamento é essencial tanto para se manter seguro conforme a repressão estatal aumenta, mas também tem o efeito de criar um modelo para tipos de relacionamento sobre os quais uma nova sociedade pode ser construídas”…
Existem tantas maneiras que podemos apoiar uns aos outros e nos fortalecermos para defendermos uns aos outros nos meses e anos que estão por vir. Lembre-se que pessoas bem organizadas, com boa comunicação e práticas de segurança, podem aprender juntas e se adaptarem rapidamente conforme as condições evoluem. Nós devemos ser atentos, gentis e estratégicos em nossos movimentos.
Mas no longo prazo, nós precisamos lidar com as questões estruturais que nos levaram a este caminho, e focar em construir as infraestruturas sociais básicas necessárias para nos proteger e sustentar ao longo do tempo de tribulações e servir como ponte para uma nova sociedade mais convidativa, justa e humana.
Uma infraestrutura pós-capitalista forte no nível local — cooperativa, baseada na coletividade, e diretamente democrática — que oferece meios alternativos de subsistência e vida e proteja os pobre e desempregados contra os caprichos do sistema assalariado, seria tanto um meio de sobrevivência no capitalismo atual quanto o núcleo de uma nova sociedade. O que precisamos é de todo um ecossistema de contrainstituições, como as sendo criadas pela Cooperation Jackson e movimentos municipalistas em cidades europeias como Madri e Barcelona: campanhas por justiça social comunitária, federações sindicais locais, mídias alternativas locais, oficinas comunitárias, projetos de coabitação, bibliotecas de ferramentas, posse coletiva de terrenos, okupas, sindicatos de inquilinos, hortas comunitárias, abrigos para pessoas em situação de rua e bancos de alimentos, moedas e sistemas de crédito locais, redes cooperadas de trabalhadores e produtores, grupos que monitorem a polícia, e tudo que se pareça com isso.
Essas ecologias de instituições comunitárias não são apenas sementes da sociedade do futuro, e a sociedade futura manifesta hoje, mas uma fonte de resiliência local contra o colapso econômico e a repressão do estado policial.
Antes de continuarmos, preciso apontar que, estou escrevendo de uma perspectiva tanto como anarquista, quanto como um eleitoralista convicto e que sem receio de escolher um mal menor. Para pôr nos termos de Erik Olin Wright, minha perspectiva é de que o processo de transição para uma sociedade pós-capitalista e pós-estado — ou para uma sociedade bem menos capitalista e estatista — será mais baseada em interstícios que rupturas. Ou seja, será um processo gradual e emergente, no qual a sociedade sucessora coalesce de uma variedade de sementes nos interstícios da atual até finalmente superá-la. O processo de transição não será realizado primariamente pela revolução ou pela tomada do estado, mas através de contrainstituições que surgem aqui e agora como forma de sobrevivermos às crises terminais do sistema vigente.
Os que descartam o eleitoralismo e a escolha de mal menores têm uma visão errônea do verdadeiro papel das políticas eleitorais para anarquistas e anticapitalistas. O objetivo não é tomar o controle do estado e implementar uma transição pós-capitalista através de políticas públicas estatais, mas simplesmente escolher o cenário menos pior possível contra o qual executar o processo de construção de uma sociedade pós-capitalista. O processo em si — nosso objetivo primário — é a construção intersticial do processo em si.
Todo argumento que vi contra o eleitoralismo e a escolha de um mal menor, se resumia ao aceleracionismo do “quanto pior melhor”, ou a denúncia de Stalin durante o Terceiro Período, que via os Social Democratas como “social fascistas”. Eu jamais vi um cenário plausível para o primeiro, que não fosse meramente performativo. O segundo — igualar neoliberalismo corporativista xoxo como o fascismo — reflete uma total falta de contato com a realidade. E na prática, os autodeclarados aderentes dessa filosofia estão ainda mais deslocados da realidade; eles normalmente acabam sendo engolidos pelo buraco de coelho de Jimmy Dore ou a aliança vermelho-marrom do MAGA comunismo, e afirmando que os “liberalóides” são “os verdadeiros fascistas”, e que deve haver alguma esperança em encontrar pontos em comum com nazistas.
Então, estou operando a partir da suposição que o estado vai permanecer existindo através de muito, ou quase todo o processo; portanto, o estado é uma realidade com a qual devemos nos engajar estrategicamente como qualquer outra realidade. Além disso, o controle do estado por forças centristas é muito mais preferível do que o controle por parte de um regime fascista —não apenas em termos de sofrimento humano imediato, mas como um terreno menos refratário onde construir uma sociedade melhor.
Infelizmente, os Democratas estão fazendo o melhor que podem para sabotar suas próprias chances de apelar para os eleitores da classe média e trabalhadores. Políticas progressistas conhecidas — todas aquelas coisas sem fôlego como taxação de grandes fortunas — não ajudarão em nada na percepção do público a menos que elas sejam reunidas num pacote com uma perspectiva sistêmica.
Embora isso seja obviamente necessário no nível das políticas nacionais, é largamente irrelevante para nossas considerações atuais; qualquer tipo de transformação do Partido Democrata em nível nacional muito provavelmente será resultado de uma mudança geracional e a influência de suas bases. É no nível municipal que os anarquistas são mais capazes de fazerem sua influência ser sentida.
As ecologias institucionais locais que precisamos para sobreviver e nos desenvolvermos também coincidem com o que muitos dos progressistas ou a ala mais à esquerda do Partido Democrata sugere, baseada em seus post mortems da eleição.
No The Nation Pete Davis, citando o trabalho do acadêmico Theda Skocpol, liga o fracasso do Partido Democrata ao colapso do “ecossistema cívico”.
No começo do século 10, de acordo com Skocpol, a vida cívica era majoritariamente baseada em organizações de quadros massivos — congregações religiosas, sindicatos, organizações fraternais (como os Elks e os Rotary clubs) e grupos políticos (pense na NAACP ou a League of Women Voters). Eles eram formados de sedes locais que mantinham encontros coletivos, gerenciavam calendários anuais de eventos da vizinhança, promovendo amizade entre quadros, e contribuindo com os lugares onde estavam. Essas sedes eram organizadas (ou “federadas”) em convenções estaduais e nacionais e comitês. Ao ligar participação local com coordenação centralizada, as lideranças nacionais e membros locais conseguiam comunicar ideias, preocupações, mandatos, e transportar ordens para cima e para baixo.
Mas a vida cívica nos Estados Unidos começou a mudar na segunda metade do século 20. A comunicação em massa se tornou mais fácil — e líderes cívicos caíram de amores por campanhas de financiamento por correio. Políticas federais se tornaram mais complicadas, e uma classe de ativistas especializados que conheciam os pormenores do legislativo passaram a se profissionalizar em Washington, DC. Grupos nacionais passaram a contratar “gerentes de doações” e consultores de “relações de quadros” para acumular mais dólares, votos, e assinaturas dos cidadãos comuns. Organizações cívicas passaram a se perguntar porque se preocupavam tanto com a pompa e circunstância local e construção de comunidade. Logo, Skocpol diz, “participação” não significava mais encontros com seus vizinhos; significava estar em uma lista — uma lista de pessoas que enviariam cheques para gestores nacionais em centros de poder em troca de um adesivo, um relatório anual, e eventualmente um chamado à ação para realizarem uns poucos dias de ações como escrever cartas, fazer ligações e campanhas de porta em porta.
Durante as décadas em que essa transição avançou, o sistema cívico estadunidense colapsou… E mais importante, milhões de estadunidenses pararam de sentir que a vida pública era algo que eles cocriavam e eram coproprietários.
O Partido Democrata foi varrido por essa transição cívica. Hoje, o partido foca quase exclusivamente em esforços otimizados para campanhas eleitorais… com mobilização de curto prazo (arrancando doações e horas de voluntariado de quem já é quadro) invés de focar em organização de longo prazo…
Da mesma forma, Ned Resnikoff nota que no Partido Democrata, “o contato de pessoa para pessoa quase sempre significa ‘esforços de campanha’. Mas o governo não tem intenção de reconstruir ou fortalecer relações sociais; é uma espécie de relação transacional, baseada em interações curtas e orientadas por objetivos”.
O conselho de Davis para os Democratas é reconstruir infraestruturas cívicas via expedientes como cartões de membros, capitães de bairros, reuniões municipais e apoio mútuo (por exemplo, socorro em momentos de desastre, voluntariado em abrigos para pessoas em situação de rua, e festas de bairros). Resnikoff propõe centros comunitários que tenham noites de cinema, ofereçam refeições grátis para crianças semelhantes aos programas dos Panteras Negras, etc.
Sharon Kuruvilla, também usando o trabalho de Skocpol como ponto de partida, é mais ambicioso, chamando aos Democratas para “revitalizar sindicatos e criar novos espaços cívicos”, e apontando para os Partidos Social Democratas na Áustria e Alemanha, “onde há todo um ecossistema envolvido com ser quadro do partido”.
Sendo bem direto, Democratas são horríveis na hora de aplicar medidas econômicas populistas em nível local e estadual. Nós só precisamos olhar para a Califórnia, onde — apesar da reputação do estado entre a direita como uma “república popular” — políticas públicas de moradia refletem a influência primária de senhorios e especuladores imobiliários, e repressão brutal a pessoas sem-teto são uma regra.
Democratas do establishment são fisiologicamente incapazes de criar ecossistemas de instituições locais por iniciativa própria, ao menos até que haja uma mudança geracional e uma mudança à esquerda no aparato do Partido. Então, se for feito, precisa ser feito para, e não por eles.
Criar tais infraestruturas cívicas é, para nós, um meio de construir a sociedade futura dentro da carcaça da antiga; quaisquer benefícios eleitorais são uma consideração secundária. Mas isso de fato, também atende as especificações de Kuruvilla e outros.
Essas infraestruturas não serão criadas ou financiadas por iniciativa Democrata, obviamente, mesmo que, se tivessem um mínimo de bom senso os Democratas veriam o quão vital elas são para seu futuro político. Já que os Democratas são péssimos nisso, isso terá de ser feito por outras pessoas, e então eles terão que ser arrastados a contragosto para uma aliança com as pessoas que estão de fato realizando trabalho de base. Mas se anarquistas e outros na esquerda as construírem, nós estaremos em uma boa posição para dizer aos Democratas, com razão, “venha comigo se quiser viver” — isso é, usar nossas infraestruturas cívicas já operacionais para nos mobilizar à favor deles, com a condição de que eles criem interferência política a nosso favor e nos deem espaço para respirar e construir.
A construção intersticial está no centro de nossa estratégia, com ou sem eleitoralismo. E gostando dela ou não, para o futuro próximo os resultados das políticas eleitorais terão um profundo efeito em quão difícil será fazer estas coisas. Nós devemos mobilizar nossos esforços para assegurar o resultado mais favorável possível.
The Center for a Stateless Society (www.c4ss.org) is a media center working to build awareness of the market anarchist alternative
Source: https://c4ss.org/content/60065
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